
Estou aqui me preparando para dois encontros com a arte. Tenho falado neste espaço sobre a importância desses desvios na rotina para esbarrar com gente criativa e talentosa, porque é necessário e urgente incluir a inteligência artística na vida. Enquanto escrevo, já ouço os primeiros acordes de Gil, a quem vou reverenciar logo mais. No meio da semana, vou fugir em plena tarde, para um encontro fortuito com Chatô, por meio do musical que vi e amei, mas vou rever porque existe uma carga simbólica de vê-lo em Brasília e eu quero experimentar.
Gil é meu desde sempre, desde aquele primeiro show que vi no Ginásio Geraldão, o gigante da Imbiribeira, em 1979. Tinha 16 anos. Ouvia Realce, um dos melhores LPs dele, sem parar. Ainda guardo aquilo tudo na lembrança. Um show dele é sempre "aquilo tudo". Aquilo que ouvimos e sentimos e cantamos e guardamos para sempre. E lá vou eu para o que ele chama de despedida, a última turnê grandiosa, Tempo Rei, embora saibamos que Gil não vai embora. Na verdade, não irá nunca.
Em entrevista a José Carlos Vieira do Correio, Gil falou do tempo e da velhice, da compreensão sobre a existência e de como a música está arraigada ao seu cotidiano. É sempre enriquecedor ouvi-lo, falando ou cantando. Estarei lá boquiaberta com sua energia e vitalidade, como fã alegre e emocionada por encontrá-lo no palco mais uma vez.
Já Chatô é resgate. Das aulas de jornalismo e da história do Brasil. Sou herdeira de seu legado, já que tenho assento naquele que é um dos seus mais importantes empreendimentos: o Correio Braziliense, filho de sua vasta obra. Assis Chateaubriand, foi, entre muitas outras coisas, também o fundador da Rádio Tupi e "um mecenas da música", como disse Thalyson Rodrigues, o diretor musical do espetáculo Chatô e os Diários Associados — 100 Anos de Paixão, que chega a Brasília nesta semana.
Dirigido por Tadeu Aguiar e com adaptação de Eduardo Bakr, o musical reúne 20 atores para contar a trajetória de Chatô. São mais de 50 músicas assinadas por compositores como Caetano Veloso, Gal Costa e Ivan Lins. A coreografia é assinada por Carlinhos de Jesus e a supervisão musical, por Guto Graça Melo.
Stepan Nercessian, que interpreta Chatô e está fantástico no papel, relembra, em entrevista a Nahima Maciel ao Correio, hoje, a força do personagem: "Tem duas coisas no Chatô: a importância desse homem, com a influência na política brasileira, na comunicação, no jornalismo, no futuro, enfim, e a contribuição dele para o Brasil. E a vida pessoal, marcada, como ele mesmo dizia, por gestos suspeitos. Era considerado um mulherengo, controverso, tem todo um lado que pesava negativamente na biografia dele e que não dá para isolar do outro", diz o ator.
Em Brasília, a peça é apresentada nesta quarta-feira, no Ulysses Guimarães, com sessões às 16h e às 20h. O musical é uma aula e ainda nos apresenta talentos incríveis no palco. Não me atrevo a perder e te convido a fazer o mesmo.
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