Belém (PA) - Sede da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP 30, a capital paraense foi escolhida para a 4ª edição do TEDxAmazônia. Com o tema “Resgate – um convite para um futuro melhor”, o evento reúne líderes e comunidades tradicionais para discutir soluções possíveis para a Amazônia.
Mudanças climáticas, biodiversidade, sustentabilidade, populações tradicionais e inovação estão entre os temas abordados. A programação, que ocorre entre os dias 6 e 8 de junho, no Theatro da Paz, inclui palestras, debates e experiências imersivas na cultura amazônica, com a participação de vozes da região e de outros territórios latino-americanos.
A liderança indígena Alessandra Munduruku descreveu sua infância livre no território indígena e expôs os efeitos nocivos dos avanços do garimpo e do desmatamento. Ela menciona que, na sua região, na década de 60, já havia garimpo, e que as pessoas estavam doentes e não sabiam por quê.
Para fazer a separação entre o ouro e outros materiais, garimpeiros usam com frequência o mercúrio, substância que é altamente tóxica e prejudicial à saúde. No processo, o mercúrio acaba sendo lançado de forma incorreta no solo, na água e no ar, contaminando a floresta e as pessoas. “Porque as pessoas, as crianças estão morrendo dentro da aldeia? E aí quando veio o resultado (do exame), soubemos que as mulheres têm o seu útero contaminado com mercúrio, o leite materno contaminado com mercúrio”, relatou.
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Ilona Szabó, cofundadora e presidente do Instituto Igarapé, descreve a região amazônica como “vetor fundamental para promover soluções globais para os principais desafios ambientais e sociais da humanidade”. “Momentos como esse ajudam a consolidar essa visão e a amplificar para o mundo os saberes desenvolvidos na região, essenciais para reverter as mudanças climáticas, preservar a floresta e acabar com o desmatamento, protegendo a natureza e as gerações futuras”, afirmou.
Financiamento climático 4k3ak
Em participação remota, a CEO da COP30, Ana Toni, destacou um dos temas mais desafiadores da conferência: expandir o financiamento climático global de US$ 300 bilhões por ano para US$ 1,3 trilhão até 2035. Ela enfatizou a necessidade de direcionar recursos não apenas para a transição energética, mas também para a conservação ambiental e o reflorestamento. “A gente fala muito em financiamento climático, mas fala pouco do financiamento da natureza”, afirmou.
Toni mencionou mecanismos como o mercado de carbono e o TFFF (Fundo Florestas Tropicais para Sempre), além de ressaltar a urgência de remunerar comunidades tradicionais e indígenas pelos serviços de preservação da floresta, considerados essenciais para o planeta.
“A gente sabe que é necessário. Já que vocês estão aí preservando a floresta, precisam receber por esses serviços. Os indígenas e as populações tradicionais estão pedindo essa remuneração, e nada mais justo, porque a responsabilidade é imensa e o mundo inteiro precisa desse cuidado”, disse.
Segundo ela, a COP30 pode representar um avanço significativo ao colocar o financiamento da natureza no centro do debate. “Na COP30, a gente pode dar um salto imenso, falando de financiamento climático e dando visibilidade ao tema da preservação ambiental. E aprender com quem já está fazendo isso — vocês, que estão aí na Amazônia”, acrescentou, ao mencionar também os desafios enfrentados para combater as desigualdades nas áreas urbanas.
Para Rodrigo V. Cunha, organizador licenciado do TEDxAmazônia, a região tem um papel crucial na agenda global. Segundo ele, o evento é uma plataforma que amplifica vozes, ideias e soluções inovadoras para o futuro possível — e necessário — da floresta. “Trazer essa edição para Belém, que sediará a COP30, é um o natural para expandirmos o impacto desse movimento”, destacou.
*A repórter viajou a convite da Coca-Cola
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