EM INVESTIGAÇÃO

Juiz decidirá se homem que bateu em bebê após confundi-lo com reborn segue preso

Pais da criança, de apenas quatro meses, são moradores de Betim, na Grande BH. Caso chocou testemunhas, que imobilizaram o agressor

Homem foi preso em flagrante por agredir um bebê de quatro meses o confundi-lo com bebê reborn -  (crédito: Reprodução)
Homem foi preso em flagrante por agredir um bebê de quatro meses o confundi-lo com bebê reborn - (crédito: Reprodução)

A audiência de custódia que vai decidir se Filipe Martins Cruz, de 36 anos, continuará preso, vai acontecer neste sábado (7/6). O homem foi preso em flagrante após agredir uma bebê, de 4 meses, com um tapa na cabeça, na noite dessa quinta-feira (5/6), na Avenida Getúlio Vargas, na Savassi, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Após ser detido, o homem argumentou que achou que a criança era, na verdade, um bebê reborn. 

Durante a manhã desta sexta-feira (6/6), a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) ratificou o flagrante do homem e ele foi encaminhado ao sistema prisional, onde permanecerá à disposição da Justiça. “Os pais encaminharam a criança ao hospital e o procedimento seguirá nas investigações para sua devida conclusão e apreciação judicial”, afirmou a delegada Laíse Aparecida Rodrigues, da 2ª Delegacia de Polícia Civil.

De acordo com o relato da mãe, de 25 anos, enquanto ela lanchava com o marido e a filha, o homem se aproximou deles. Em determinado momento, ele começou a brincar com a bebê e perguntou se era um boneco. Mesmo após a negativa dos pais, o agressor insistiu que se tratava de uma “reborn” e, de forma repentina, deu um tapa com a mão aberta na cabeça da criança, do lado direito, provocando inchaço atrás da orelha.

Populares que presenciaram a cena imobilizaram o homem até a chegada da Polícia Militar. A bebê foi levada ao Hospital João XXIII e ficou em observação. Segundo os médicos, apesar de não correr risco de morrer, ela precisava de cuidados devido à fragilidade da caixa craniana e da região cervical, comuns em recém-nascidos. 

Filipe foi encaminhado à UPA Centro-Sul com escoriações no braço esquerdo, causadas quando foi contido por testemunhas. À polícia, ele itiu ter agido de forma consciente, dizendo que ficou irritado com a mãe da criança, que supostamente teria exigido prioridade na fila. O homem afirmou ainda ter ingerido bebida alcoólica, mas os militares constataram que ele apresentava sinais de sobriedade.

Segundo o dono do food truck Tunay Lanches, local onde ocorreu o caso, o agressor havia feito um lanche pouco antes da confusão. Ele afirmou não ter presenciado o momento exato da agressão, pois estava atendendo outros clientes, mas percebeu a movimentação e ouviu pessoas dizerem que um homem havia dado um tapa na cabeça de um bebê. Cerca de 10 pessoas estavam no local, e o clima rapidamente se tornou tenso, com revolta entre os presentes.

Ao perceber a briga, o comerciante pediu que alguém acionasse o 190, temendo que a situação se agravasse. De acordo com ele, “o suspeito parecia estar alcoolizado, embora estivesse a certa distância e eu não pudesse afirmar com certeza”. Surpreso com a aparência tranquila do homem, que aparentava ser um jovem comum, o comerciante afirmou que “jamais imaginaria que ele pudesse cometer uma agressão daquela natureza”.

O que são os bebês “reborn”?

Os bebês reborn são bonecas hiper-realistas que imitam recém-nascidos em aparência e detalhes. Feitos artesanalmente, esses bonecos são usados como objetos de coleção, ferramentas terapêuticas ou artísticas, e até como hobby. Com a crescente popularidade nas redes sociais, surgiram quartos inteiramente decorados para eles, com berços, cômodas, enxovais personalizados, mamadeiras e poltronas de amamentação — como se fossem, de fato, bebês reais.

Muitas vezes, esses espaços são decorados com tons suaves, papel de parede temático, iluminação especial e detalhes feitos à mão, criando um ambiente acolhedor e emocionalmente significativo para os colecionadores.

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Polêmicas nas redes sociais

Nas últimas semanas, o universo dos “bebês reborn” tem sido alvo de polêmica nas redes sociais. Mulheres que tratam os bonecos com cuidado similar ao destinado a filhos biológicos aram a ser criticadas e ridicularizadas online. Comentários de escárnio e julgamentos motivaram até projetos de lei e manifestações públicas.

O perfil oficial da Prefeitura de Curitiba, por exemplo, publicou nas redes uma imagem com o alerta: “Mães de bebê reborn não têm direito ao banco preferencial”, referindo-se aos assentos prioritários em transportes públicos. A publicação viralizou, dividindo opiniões.

Artistas e colecionadoras, por outro lado, denunciam que o preconceito vem do machismo e da desinformação. Segundo elas, a polêmica ignora os usos legítimos e terapêuticos desses bonecos e marginaliza quem os utiliza de forma consciente e respeitosa.

 

CM
QH
postado em 06/06/2025 23:27
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