
Em entrevista exclusiva ao Correio, Coronel Tadeu (PL-SP), que assumirá o cargo da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), criticou a condenação da parlamentar. Segundo ele, a pena de 10 anos de prisão imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF) é um “exagero” e evidencia um “excesso” do Judiciário. “É uma mistura de tristeza com alegria” assumir a vaga dela, afirmou. Ele também minimizou episódios ados, defendeu pautas de segurança pública e reforçou seu alinhamento com a base bolsonarista.
Como avalia a situação da deputada Carla Zambelli?
Assumir o lugar dela é uma mistura de tristeza com alegria. Tristeza porque estão tirando o mandato de uma parlamentar com 1 milhão de votos. Vejo muito excesso nessa pena. Não estou dizendo que ela não deveria sofrer uma consequência. Porque quando você põe na balança o caso dela e começa a fazer comparações com tantos outros casos do Brasil, você vê que o caso dela é muito pesado, ela está recebendo 10 anos (de prisão). E se você for avaliar, você vê a palavra dela contra a do hacker. O cara fala: "Ela me contratou". E ela fala: "Eu não contratei". Então, por conta de uma contradição, uma divergência de depoimentos, ela está recebendo 10 anos. O caso da arma é a mesma coisa. Ela está recebendo 8 anos de pena, a mesma de um de traficante e homicida. E ela nem sequer disparou a arma. Ali de repente é um crime de periclitação de vida, um crime de ameaça. São penas que não ariam de 2 anos. Se eu somar uma com a outra, vai ter 18 anos de pena. A Carla ficou numa bifurcação, só tinha duas saídas, ou vai para a cadeia e cumpre em regime fechado, ou pega outra trilha para fora do país e tenta uma vida fora. [...] Então, ela vai ser mais uma que vai ficar do lado de fora e não vai poder mais voltar para o país dela.
Qual é a sua opinião sobre o posicionamento do PL e dos bolsonaristas em relação ao caso?
Até onde eu sei, ela não foi abandonada. Claro que o presidente Bolsonaro já havia se afastado dela há algum tempo. Mas o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, não se afastou dela. Quase todos os parlamentares do PL fizeram uma nota nas suas redes sociais, demonstrando solidariedade
com o caso dela. Eu lembro claramente um pronunciamento dele [Bolsonaro]: “Um exagero e uma injustiça”. Ele tem se pronunciado um pouco menos em relação a tantos outros fatos, mas ele se pronunciou.
Recentemente, o senhor afirmou que na sua atuação será um pouco de “Tadeu e Zambelli”. Como pretende atender às expectativas do eleitorado?
A gente já mistura um pouco nossos perfis, comportamento e personalidade. Eu sou de direita, a Zambelli também. Tem algumas coisas que eu não aceito, por exemplo, descriminalização do aborto, descriminalização das drogas. A Carla também não, nós temos muitas ideias convergindo. [Mas existem] algumas coisas diferentes, onde o Tadeu se separa da Zambelli. Por exemplo, na questão de segurança pública, ela não era da segurança pública, e eu sou, estive 30 anos na Polícia Militar. A gente precisa lutar contra isso. O cara cometeu um crime, ele precisa responder pelo crime. O cara cometeu um ato ilícito, ele precisa ser punido dentro da lei. E eu sempre vou bater nisso. [...] Então é aí que o Tadeu se diferencia da Zambelli, eu tenho essa pauta que eu quero carregar.
Em 2019, o senhor rasgou um cartaz relativo ao Dia da Consciência Negra. O que tem a dizer sobre isso?
A gente tem de conhecer um pouco da etnia brasileira. Mais de 50% da população brasileira é negra. Então, não dá para dizer que eles são discriminados de forma alguma. Se tem a maioria de negros, obviamente dentro de uma faculdade também tem, e em todos os lugares. Aquele quadro mostrava uma caricatura de um policial da Rota de São Paulo, praticamente em uma alusão a uma execução de uma pessoa negra estendida no chão e sangrando. Foi até o que eu disse naquela época. Estão dizendo ali que o policial sai de manhã para matar pessoas negras na rua. Eu solicitei para tirarem aquele quadro e não me deixaram. Falei assim: 'Então nós vamos quebrar esse quadro aqui, agora'. E eu quebrei mesmo. Quem conhece a realidade da rua sabe muito bem que a polícia prende quem faz coisa errada.
Qual será a sua prioridade legislativa imediata?
Já relacionei mais de 30 projetos que pretendo protocolar assim que eu assumir, mas o principal é na área da segurança, mas não vou me limitar à área da segurança.
Como analisa a atuação do Supremo Tribunal Federal? Está extrapolando, ou considera que essas medidas sejam legítimas frente à gravidade das acusações?
As acusações eu concordo que sejam graves, mas os fatos, principalmente aqueles que estão nos processos, há muita controvérsia. Eu acho extremamente exagerado algumas punições que estão acontecendo, em especial nas da Zambelli, mas a gente pode ver Daniel Silveira, pode ver Débora Rodrigues, esse pessoal do 8 de janeiro aí que foi punido, que receberá penas de 14, 15, 16, 17 anos de prisão. Em 2015 ou 2016, se eu não me engano, 2016, o MST destruiu Brasília, destruiu o Ministério da Educação. Pediram a queda do Temer de tudo quanto é jeito, e nada foi feito. E você não acha uma pessoa presa daquele dia.
Em 2021, o senhor disse que o então governador de São Paulo, João Doria, merecia uma "surra no meio da rua". Considera essa postura correta?
Falo esse termo surra como uma metáfora. O que ele fez com a população de São Paulo é algo inissível. O radicalismo que ele usou para querer tratar a covid naquela época. Muitas pessoas radicalizaram e disseram: "Ninguém trabalha". Como é que essa pessoa vai comer? Ele levou a cesta básica à casa dessas pessoas? Ele nem se preocupou com isso. Doria é uma pessoa sem coração. Aquele sujeito, ainda bem que foi banido da política, porque aquele é um mau exemplo de homem público. O que ele fez em São Paulo, eu nunca vi na minha vida. Não sabia lidar com pandemia, não tinha especialização nenhuma para falar isso, se consultou com pessoas erradas e radicalizou nas medidas. Eu tive de socorrer pessoas com cesta básica, com alimento, em função da decisão de um maluco. Esse sujeito achando que trata a população como trata um animal qualquer. Então, vou continuar dizendo isso. Surra, eu não estou dizendo que seria uma agressão física contra ele, mas ele acabou tomando a surra que eu sempre falei, banido da política.
O que gostaria de dizer para o eleitorado?
Que nós vamos continuar com a luta. A gente tem um objetivo de colocar o país no patamar que ele merece estar, se livrar de políticos corruptos e governantes corruptos, que hoje, infelizmente, isso aí tá, não digo que é a totalidade, mas é a maioria na política, e a gente precisa fazer essa limpeza ética na política urgente.
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