Com uma programação repleta de reuniões, cerimônias e homenagens, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou, na última quinta-feira (6/6), a agenda de sete dias na França, com foco no avanço do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia. No período da manhã (cinco horas a mais do que no Brasil), Lula foi recebido pelo presidente da França, Emmanuel Macron, no Palácio do Eliseu, e, após o encontro, o petista disse à imprensa que pediu para que o líder francês "abrisse o coração" para o acordo UE-Mercosul.
"Não deixarei a presidência do Mercosul sem concluir o acordo com a União Europeia", afirmou. O presidente do Brasil assumirá a presidência pró-tempore do bloco em julho. "Esta é a melhor resposta que nossas regiões podem dar diante do cenário de incertezas criado pelo retorno do unilateralismo e protecionismo tarifário", acrescentou.
As negociações do acordo UE-Mercosul foram concluídas em dezembro de 2024, mas o texto final do acordo ainda não foi assinado pelos dois blocos. Segundo o governo federal, o tratado tem potencial de criar uma das maiores áreas de livre comércio do mundo. Juntos, os dois blocos reúnem cerca de 718 milhões de pessoas e economias que, somadas, alcançam aproximadamente US$ 22 trilhões.
Apesar de manifestações entusiasmadas de Lula, Macron rejeitou o acordo na maneira como foi anunciado, em dezembro do ano ado, no Uruguai. Para o líder francês, o acordo entre Mercosul e União Europeia — da forma como foi posto — apresenta riscos para "os agricultores europeus".
Macron apontou que, enquanto a Europa proíbe o uso de certos agrotóxicos e exige práticas mais sustentáveis de seus agricultores, há países que pertencem ao Mercosul que não estão sujeitos às mesmas restrições. "Eu não saberia explicar aos agricultores como, no momento em que eu lhes peço que respeitem mais normas, eu abro maciçamente o meu mercado a quem não respeita nada. Então, é por isso que, como disse antes, nós devemos melhorar este acordo", afirmou o chefe de Estado francês.
Embora Lula tenha projetado a do acordo entre Mercosul e União Europeia para dezembro deste ano, o ministro da Agricultura e Pecuária do Brasil, Carlos Fávaro, calcula que o consenso sobre o livre comércio entre os blocos ocorrerá até março do ano que vem. "O rito para formalização definitiva caminha a os largos", reforçou.
- Leia também: Ao lado de Lula, Macron expõe entraves nas negociações UE-Mercosul: 'Precisamos melhorá-lo'
Vantagens 306m5x
O principal objetivo do acordo bilateral, lançado em 1999, é a facilitação da troca de produtos e de serviços entre os países-membros. Em termos de vantagens comparativas, o acordo facilitaria tanto as entradas de produções industriais da UE nos países do Mercosul como de produtos do agronegócio do bloco comum da América do Sul nas nações da União Europeia.
Mercosul e União Europeia buscam definições claras sobre impostos e encargos de importação e exportação. Para os embarques do Mercosul rumo ao bloco europeu, a UE concederá isenção de impostos para cerca de 92% do valor das importações de produtos do Mercosul e de 95% das linhas tarifárias, com desgravação — redução ou eliminação de impostos — imediata ou linear em prazos de quatro a 12 anos.
Uma parcela muito reduzida de bens agrícolas e agroindustriais (cerca de 3% dos bens e 5% do valor importado) será sujeita a cotas ou outros tratamentos não tarifários.
Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular?
E, para as exportações da UE para o Mercosul, por sua vez, o acordo prevê a liberação de aproximadamente 91% dos bens e 85% do valor das importações brasileiras de produtos provenientes da União Europeia de tarifas.
As negociações para o setor automotivo, por exemplo, criaram condições especiais de redução tarifária, com desgravação em até 18 anos para veículos eletrificados; 25 anos para veículos a hidrogênio; e 30 anos para novas tecnologias.
Saiba Mais 5v6w13
-
Economia Brasília recebe reunião anual de Banco de Desenvolvimento do Caribe
-
Economia Ações da Tesla caem mais de 8% após embate Trump-Musk
-
Economia Gripe aviária: Brasil tem 12 investigações em andamento
-
Economia Dólar tem queda de 1% e atinge R$ 5,58, menor nível em oito meses
-
Economia Com gripe aviária, exportações de carne de aves caem 12,9% em maio
-
Economia BC prevê ganhos de eficiência para empresas e consumidores