Artes cênicas

Peça de autora chilena mergulha com afeto no mundo LGBTQIA+

Monólogo com texto de autora chilena reflete sobre as  dificuldades de uma travesti num mundo machista e violento

Fábia Mirassos dá voz a manifesto político e poético
 -  (crédito:   Hugo Faz)
Fábia Mirassos dá voz a manifesto político e poético - (crédito: Hugo Faz)

Foi durante a pandemia que a atriz Fábia Mirassos teve o primeiro contato com o texto da peça Vienen por mí, que apresenta no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) até o fim de junho. Escrito pela chilena Claudia Rodriguez, o texto dividido em quatro atos é quase um depoimento que navega pelas dificuldades enfrentadas por uma travesti e pelas pessoas do movimento LGBTQIA no mundo contemporâneo. "Quando li o texto pela primeira vez, fiquei muito encantada com a forma como a Claudia escreve sobre essa crueza que é a vida das pessoas femininas", explica Fábia. "Porque, para mim, o texto não tem a ver com o fato de ser ou não travesti, mas com se aproximar do feminino nessa sociedade extremamente machista em que a gente vive. Enquanto tiver feminicídio, tudo que se aproxima do feminino vai morrer ou sofrer algum tipo de violência. E me encantou a forma poética como ela fala dessa dor", explica Fábia.

Membro da Cia. Mungunzá e colaboradora do grupo Os Satyros, ambos de São Paulo, a atriz começou a trabalhar o texto em sessões on-line, quando o Brasil estava sob medida de isolamento por conta da covid-19. Pouco tempo depois, ela estava nos palcos encenando uma personagem carregada da força política e poética da voz de Claudia Rodriguez, mas também das próprias vivências da atriz. "A peça é um grande manifesto", avisa Fábia. "A nossa imagem, quando a gente fala a palavra travesti, vem carregada de muitos signos ligados à marginalidade, à violência, às ISTs, às drogas. Tudo que foi despejado em cima da nossa identidade lá atrás continua andando com a gente, caminhando com a gente na rua", lamenta. 

A atriz lembra de uma época que ela chama de "gloriosa", quando as travestis eram artistas respeitadas. "E veio a Aids, na década de 1980, que acabou com tudo. Desde então, as travestis nunca mais saíram da clandestinidade. Até hoje tem gente morrendo por ser travesti, vítima dessa sociedade machista que não tem coragem de assumir os desejos", lamenta a atriz, que sobe ao palco sozinha para encarar um monólogo com temáticas nada leves, mas tratadas com muita poesia.

 

Vienen por Mí

Com Fábia MIrassos. Direção: Janaína Leite. Texto de Claudia Rodriguez. Hoje e amanhã, às 20h, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB — SCES Trecho 2). Domingo, às 18h30. Ingressos: R$30 e R$15 (meia). Não recomendado para menores de 16 anos


  • Vienen por Mí
Com Fábia MIrassos. Direção: Janaína Leite. Texto de Claudia Rodriguez. Hoje e amanhã, às 20h, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB — SCES Trecho 2). Domingo, às 18h30. Ingressos: R$30 e R$15 (meia). Não recomendado para menores de 16 anos
    Vienen por Mí Com Fábia MIrassos. Direção: Janaína Leite. Texto de Claudia Rodriguez. Hoje e amanhã, às 20h, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB — SCES Trecho 2). Domingo, às 18h30. Ingressos: R$30 e R$15 (meia). Não recomendado para menores de 16 anos Foto: Fotos: Hugo Faz
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Com Fábia MIrassos. Direção: Janaína Leite. Texto de Claudia Rodriguez. Hoje e amanhã, às 20h, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB — SCES Trecho 2). Domingo, às 18h30. Ingressos: R$30 e R$15 (meia). Não recomendado para menores de 16 anos
    Vienen por Mí Com Fábia MIrassos. Direção: Janaína Leite. Texto de Claudia Rodriguez. Hoje e amanhã, às 20h, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB — SCES Trecho 2). Domingo, às 18h30. Ingressos: R$30 e R$15 (meia). Não recomendado para menores de 16 anos Foto: Hugo Faz
postado em 06/06/2025 10:18 / atualizado em 06/06/2025 10:30
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