Na Avenida Hélio Prates, a movimentação da Feira dos Goianos é vista de longe. Grandes fachadas, variedade de produtos e, claro, muitos consumidores. Até quem nem tinha em seus planos comprar alguma roupa ou sapato, a por ali. "Não custa dar uma olhadinha, não é?", conta Lúcia Viana, 83 anos, que estava a caminho da fisioterapia, mas decidiu atravessar os corredores da feira. Parava, olhava uma vitrine, conversava com um vendedor e continuava o percurso.
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A aposentada é natural do Maranhão e mora há 55 anos em Taguatinga. Mais velha de 11 irmãos, ela veio com a família para o Distrito Federal em busca de oportunidades, alugando uma casa perto da Praça do Bicalho. Trabalhou como doméstica e se estabeleceu no Setor M Norte. "Nunca pensei em me mudar daqui. Agora que sou idosa, não costumo sair muito de casa, então, o fato de ter tudo ao meu alcance, como farmácias e mercados, ajuda muito", comenta. O mesmo vale para a Feira dos Goianos, inaugurada em 1998, onde, segundo Lúcia, "tem produto bom e barato".
Bem localizado, o espaço também é, para muitos, fonte de renda e de esperança. É o caso de Raiana Alves, 31, que, há cinco anos, mudou-se de Santo Antônio do Descoberto (GO) para a QNL 17, com o objetivo de morar mais próxima ao trabalho. Com uma banca de blusas, vestidos e shorts, a comerciante não se arrepende da mudança. "Eu trabalhava com carteira assinada em Santo Antônio, mas não deu certo. Então, comecei a investir na venda de roupas aqui na feira e as coisas entraram nos eixos. É um ponto (a feira) muito conhecido. Eu mesma, quando morava longe, vinha comprar aqui", ressalta.
Oportunidades 5q2x5w
Para Raiana, morar em Taguatinga oferece a possibilidade de melhorar de vida, não apenas financeiramente. "Percebo que, para os mais jovens, há muitas oportunidades de cursos e eventos culturais. Quem for esperto e tiver interesse, pode aproveitar ainda serviços de educação e saúde", completa.
Foi de olho em melhores condições de vida que Luzinete França, 56, também se mudou. Em 1987, a costureira saiu de Santa Maria da Vitória (BA) e se estabeleceu em Taguatinga Sul para garantir que a filha pudesse ter uma educação melhor. "Naquela época, sequer tinha faculdade na cidade onde nasci. Aqui, minha menina conseguiu se formar em nutrição, o que me enche de orgulho", compartilha. Há 18 anos, Luzinete é comerciante na Feira dos Goianos. Além de vender, ela também fabrica os produtos — blusas e casacos de lã. "Nessa época de frio, a procura está maior. É um ótimo espaço para vender", destaca.
Preços atrativos 3i4po
Assim como Raiana Alves, o comerciante Domingos da Silva, 48, mudou-se de Ceilândia para a QI 19 de Taguatinga para facilitar o deslocamento ao serviço, na feira. Vendedor de calçados, ele elogia a segurança e a tranquilidade da cidade. "E também tem tudo que eu preciso. Consigo resolver qualquer burocracia por aqui", diz. Desde 2008, Domingos está na Feira dos Goianos e, segundo garantiu, há movimento todos os dias. "Se, em uma quarta-feira está assim (com muitos clientes procurando sapatos mais fechados, ideais para o frio), imagine no fim de semana. É o meu ganha-pão", compara.
Figura sempre presente na Feira dos Goianos, Aparecida Souza, 63, adora caminhar pelos corredores do espaço com sacolas em mãos. Nem sempre as compras são para ela. "Gosto de acompanhar qualquer familiar ou amigo que venha procurar algum produto. É um eio", revela a aposentada, que mora em Taguatinga desde 1975. "Lembro quando a feira começou, com bancas simples e poucos vendedores. Hoje, os galpões multiplicaram e ficaram mais sofisticados, com provadores e espelhos", descreve.
Mesmo com um comércio aquecido, a cidade não perdeu, segundo Aparecida, a simplicidade. "Gosto muito daqui, porque as pessoas são modestas, andam nas ruas e param para conversar. É diferente de Águas Claras, por exemplo, com aquela enxurrada de carros. Na feira também é assim. Tem lojas que frequento há anos. Os produtos são bons e os preços, melhores ainda", afirma.
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